sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Trabalhando higiene de um modo divertido







Minha escola em Caxias fica numa area de saneamento precário. As crianças não tem sistema de esgoto em casa e muitos não tem acesso a água para tomar banho. Esse fato acaba influenciando nos hábitos de higiene e coisas corriqueiras como escovar os dentes, lavar as mão e tomar banho são muitas vezes questões secundárias para as crianças. Sempre quis trabalhar esse assunto, mas de uma forma leve, fugindo daquelas tradicionais folhinhas falando sobre higiene, pois palavras o vento leva. Queria que as crianças experimentassem a sensação de estarem limpos.



Tudo começou com a história de Bebeto, o personagem principal do livro "Sujo eu?" de David Robert da Editora Companhia nacional. Após contar a história perguntei se eles tinham ideia do que significava higiene. Fora respostas diversas, tais como: é lavar as mãos, escovar os dentes, tomar banho, dentre outras. No dia seguinte lemos um texto informativo sobre a importância de lavarmos as mãos e continuamos nossa conversa sobre higiene. Produzimos um texto coletivo com tópicos de hábitos de higiene. Uma das alunas afirmos que fazer prancha era hábito de higiene. Aí começou a polêmica e as crianças chegaram à conclusão que existe uma diferença entre higiene e vaidade. No terceiro dia li a história "Peppa" da Editora Brinque Book. Esse livro fala justamente sobre vaidade, preocupação com aparência, preconceito, etc.



Combinamos de promover o dia da higiene e da beleza na escola. Eu troxe tic tacs, cremes de pentear, hidratantes, sabonete, dentre outros produtos. As crianças também trouxeram seus produtos e alguns trouxeram toalha, xampu e quiseram lavar a cabeça e até mesmo tomar banho na escola.



Foi tudo muito tranquilo porque contei com a ajuda do pessoal da escola e apoio dos pais. Havia alunos que não tinham água em casa há mais de uma semana e ficou encantada com o fato de poder usar o chuveiro o tempo que julgasse necessário.



Depois tivemos uma sessão de maquiagem, esmalte, hidratante. Os meninos usaram gel com brilho, fizeram penteados e as meninas fizeram tarncinhas, rabos de cavalo, etc.



Depois dessa atividade criamos uma lista com 12 palavras com itens que as crianças acham fundamentais para manter a higiene e beleza do nosso corpo e a partir dessas palavras foram criadas as mais variadas atividades.


terça-feira, 10 de agosto de 2010

Eu acredito no amor... e na educação....

Acabei de voltar da formação do GEEMPA. Para quem não sabe o que é, eu conto brevemente, embora as palavras não consigam explicar a dimensão do que isso tem... GEEMPA é uma org. que financiada pelo MEC ofereceu uma formação para professores alfabetizadores trabalharem com turmas de correção de fluxo.
Enfim, fui, estudei, aprendi, revi conceitos, me renovei, conversei com amigas, e volto eu feliz e acreditando que vou alfabetizar 100% da minha turma até Outubro ( essa é a meta!!!).
Até lá vou fechar minhas orelhas. Longe de mim que não acredita! Longe de mim aqueles que dizem: "- Como pode um aluno aprender se não tem família?" "- Tadinho, tem problemas..."
Aí quando eu chego em casa cansaaaaaaaaaada da formação, abro meus e mais e vejo uma linda mensagem de uma amiga querida, por sinal excelente professora, Fernandinha, que dizia assim...

POESIA DE UM ALUNO DA APAE - Esse poema foi escrito por um aluno da Apae que possui 22 anos e idade mental de 15 anos.

Ilusões do amanhã
Por que eu vivo procurando um motivo para viver
Se a vida às vezes parece de mim esquecer?
Procuro em todas, mas não são você
Eu quero apenas viver , se não for pra mim, que seja pra você.
Mas ás vezes você parece me ignorar sem ao menos me olhar.
Me machucando pra valer.
Atrás dos meus sonhos eu vou correr.
Eu vou me achar pra depois em você me perder.
Se a vida dá presente para cada um,
o meu cadê?
Será que esse mundo tem jeito?
Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão,
juntando pedaços de mim que caíam no chão.
Juro que ás vezes nem ao menos sei quem sou
talvez seja um tolo
que acredita num sonho.
Na procura de te esquecer
fiz brotar a flor.
Pra carregar no peito
e crer que esse mundo ainda tem jeito.
Como príncipe sonhador...
sou um tolo que acredita...ainda...no amor.

Se ele que vive todo tipo de preconceito tem tamanha fé no amor, quem sou eu para não acreditar que todos irão se alfabetizar.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sou professora!

Quando digo que sou educadora de crianças em geral as pessoas respondem com um ahhhh tão insípido. A estes gostaria de dizer:
  • Em que outra profissão poderia por laços de fitas em cabelos e assitir a um desfile de moda e penteados todas as manhãs?
  • Onde te diriam todos os dias que és muito linda e que te amam.
  • Em que trabalho fariam teu retrato grátis diariamente?
  • Em que lugar esqueceria tuas angústias e fraquezas para atender a todo joelho esfolado e coração afligido?
  • Onde receberias mais flores?
  • Onde mais poderia iniciar a escrita de uma mãozinha que quem sabe um dia escreverá um livro?
  • Em que outro emprego tuas palavras causariam tanta admiração?
  • Aonde te receberiam de braços abertos e sorrisos de saudades depois de teres faltado por um dia?
  • Onde poderia assistir em primeira fila a execução de grandes obras de artes?
  • Onde mais poderia aprofundar seus conhecimentos sobre bichos da seda, caracóis e borboletas?
  • Em que outra profissão derramarias lágrimas por terminar um ano de relações tão felizes?

SINTO-ME GRANDE EM TRABALHAR COM PEQUENOS!

Autor desconhecido

domingo, 25 de abril de 2010

Educação não é improviso!

Voltei ! Acho que agora pra valer! Estava muito atarefada com a pós e minhas turminhas. Já venho polemizando...

Durante minha vida acadêmica, ouvi muitos discursos, que durante algum tempo me impressionaram... Aquelas coisinhas básicas que ouvimos na graduação em Pedagogia: "O aluno tem que construir o seu conhecimento!", " Não devemos dar importância à essas datas comemorativas, vestir os alunos de índio, palhaço...isso é coisa da mídia!", "Pra que fila nas escolas? Os alunos não podem andar em ordem sem precisar de fila?" "Se a escola não tem material, temos que improvisar. Não tem caderno para colar os trabalhinhos, então cola na página das revistas...!"
Hoje, mais madura, com mais estudo, mais experiência, posso dizer: SENHOR, PERDOAI OS PROFESSORES DOUTORES, ELES NÃO SABEM O QUE DIZEM!
Não sou uma professora revoltada que é contra tudo e todos, pelo contrário. Acredito que uma prática inovadora, com atividades que estimulem o raciocínio e a busca do conhecimento devem ser utilizadas pelos professores. Acabou a era do Ba be bi bo bu e quem não mudar vai ficar para trás.
O que não me ensinaram na universidade é da imensa felicidade que ficam as crianças ao receberem uma fantasia de índio, de palhaço, sair de orelhinhas de coelho, enfim, pequenos mimos, que a escola tão cinzenta e sem atrativos oferta nesas datas deixando-as mais alegres. Obviamente, alegria, criatividade e preocupação com uma aprendizagem em um ambiente lúdico não devem resumir-se somente a essas datas, deve fazer parte do cotidiano. Lembro da minha infância, quando troquei de escola ao terminar o antigo primário. Acabaram os trabalhinhos, a pintura, a colagem, as fantasias, o teatrinho, as histórias...entrei num mundo sem graça, a escola, antes cheia de vida, tornou-se um fardo, que arrastou-se até o Ensino Médio e perdurou até a Universidade, salvando-se algumas matérias.
Também não me ensinaram que crianças precisam de disciplina, e que como dizia nosso querido Paulo Freire "educar é um ato de amor", logo quem ama educa. Para aprender é necessário disciplina. Muitas vezes uma fila para se organizar é necessária e ninguém morre por isso! O que não pode acontecer é o aluno só obedecer com grito e imposição. Ensinar a dialogar é nosso dever!
Agora, a parte que mais me irrita é quando falam para improvisar! Vocês acham que eu vou colar os lindos textos, produções, desenhos e diversos trabalhos em revistas!? Nunca vou me esquecer a professora que falou isso... Não lembro o nome, mas sei que a matéria era Sociologia da educação...e ela dizia com muita propriedade: "Gente, não podemos contar com o governo, então improvisemos! Vamoz fazer material de sucata, colem os trabalhos em revistas....etc,etc,etc...."
NÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!!!!!!!!
Ela deveria ter dito: "Gente, conversem com os pais, pressionem, expliquem a importância dos alunos terem todo o material. Alguns comprarão. Peçam para direção da escola. Sua escola tem verba para comprar algumas coisas...."
Se as prefeituras não mandam o material, os pais que comprem! Só em último caso é que devemos aceitar que a Educação seja um improviso.
Afinal, quando falta gaze no hospital, alguém pede um pedaço da sua camisa para fazer o torniquete?